Especialização em Urologia Pediátrica no Children's Hospital of Philadelphia (USA)
Fotos de Cirurgia de Hipospádia, Técnicas e Cuidados Pós-operatórios
Aqui você encontrará uma seleção de fotos que demonstram os cuidados e os resultados alcançados em cirurgias de hipospádia realizadas pelo Dr. Domingos Bica. Estas imagens foram cuidadosamente escolhidas para esclarecer o processo de recuperação, sempre com a devida autorização dos responsáveis pelos pacientes. Além disso, abordaremos algumas técnicas operatórias atualmente utilizadas para a correção das hipospádias, bem como os cuidados pós-operatórios essenciais para o sucesso da cirurgia.
Casuística e Dados
Os dados apresentados nesta página referem-se exclusivamente a pacientes operados pelo Dr. Domingos Bica, em um levantamento realizado de 2011 a 2018. Esta casuística pessoal foi apresentada no Congresso de Pediatria da UFRJ em 2019.
Grau de complexidade das hipospádias
As hipospádias variam amplamente em complexidade, desde casos simples onde a uretra está próxima à ponta do pênis, até casos mais complexos, onde o meato uretral está localizado na região perineal ou escrotal. Além da localização do meato, o grau de curvatura ventral do pênis é um fator crucial na decisão sobre a necessidade de cirurgia em estágios.
Para facilitar a compreensão dos diferentes tipos e tratamentos, as fotos estão organizadas em ordem crescente de complexidade das hipospádias.
1. Hipospádia glandar
A hipospádia glandar, ou seja, quando o meato uretral hipospádico está localizado na base da glande, é a condição de menor complexidade dessa malformação. Assim, o objetivo da correção cirúrgica é obter um pênis com aparência e função absolutamente normais.
Entre as técnicas cirúrgicas propostas para sua correção, temos utilizado há mais de duas décadas o avanço parameatal, uma técnica desenvolvida pelo Dr. Howard Snyder, nosso mentor em Urologia Pediátrica, durante nossa especialização no Children's Hospital of Philadelphia (EUA).
1.1 Técnica do avanço parametal (Snyder)
Entre as técnicas cirúrgicas propostas para a correção das hipospádias glandares, temos utilizado há mais de duas décadas o avanço parameatal, uma técnica desenvolvida pelo Dr. Howard Snyder, nosso mentor em Urologia Pediátrica, durante nossa especialização no Children's Hospital of Philadelphia (EUA).
TÉCNICA - Consiste em avançar o meato uretral até a ponta da glande, proporcionando um diâmetro normal e um aspecto em fenda. Realiza-se uma plástica da glande, que adquire um formato cônico e envolve a uretra. A malformação prepucial também é corrigida, resultando em um pênis com aspecto absolutamente normal.
INDICAÇÃO: Realizamos a técnica do avanço parameatal em pacientes com hipospádia glandar que apresentam estenose do meato uretral, resultando em um jato urinário fino e desviado.
ANTES
Paciente com meato hipospádico na base da glande e com estenose (indicado pela seta). O bebê urinava por esse local com um jato urinário fino e desviado para baixo.
DEPOIS
Um mês após a cirurgia. O meato uretral está localizado na ponta da glande, com aspecto de fenda normal e de bom calibre.
Casuística e Percentual de Sucesso com a Técnica de avanço parameatal
Este levantamento da nossa casuística pessoal, apresentado no Congresso de Pediatria da UFRJ em 2019, destaca a alta taxa de sucesso da técnica de avanço parameatal. Ultrapassamos 98% de sucesso nos meninos operados, com resultados funcionais e estéticos muito satisfatórios, além de mínima cicatrização.
2. Hipospádia coronal e peniana distal
Nas hipospádias coronais e penianas distais, o meato uretral hipospádico está localizado no terço distal do pênis, com um grau de curvatura ventral geralmente mais leve.
Ao longo de três décadas de experiência, várias técnicas cirúrgicas foram aplicadas para tratar esses casos. Algumas, antes amplamente recomendadas, foram abandonadas com o tempo. Aqui, vou focar nos procedimentos que atualmente utilizamos para tratar nossos pacientes.
Um dos fatores importantes na decisão sobre a melhor técnica para pacientes com hipospádia distal é a qualidade da "placa uretral" — o tecido que vai do meato uretral hipospádico até a glande. Tanto o diâmetro quanto a qualidade deste tecido são fundamentais nessa escolha.
2.1 Técnica de Duplay
TÉCNICA de Duplay - Consiste na tubularização da placa uretral de bom diâmetro (com pelo menos 14 mm em crianças), reconstruindo o segmento de uretra que não se formou. Este é um procedimento realizado em tempo único, com duração aproximada de duas horas e um baixo índice de complicações.
INDICAÇÃO: Essa cirurgia é indicada para pacientes com hipospádias distais ou médio-penianas, desde que apresentem uma placa uretral de boa qualidade e diâmetro adequados para a reconstrução da uretra.
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BOA PLACA URETRAL
1. Reconstrução da uretra (uretroplastia)
2. Meato e glanduloplastia
2.2 Técnica de incisão posterior da placa uretral - TIP (Snodgrass)
TÉCNICA de Snodgrass - Consiste em uma incisão na linha média dorsal da placa uretral, o que permite o alargamento necessário para a tubularização e reconstrução do segmento de uretra ausente. A proposta original de Snodgrass é que esse leito se beneficie de um processo adequado de reepitelização e cicatrização. Este procedimento é realizado em tempo único, com duração aproximada de duas horas.
Na fase inicial, essa técnica foi aplicada em placas muito estreitas, mas resultou em cicatrizes fibróticas com estreitamento da uretra reconstruída e um número considerável de fístulas uretrais pós-cirúrgicas. A técnica chegou a ser utilizada em casos de hipospádias médio-penianas.
INDICAÇÃO: Indicada para pacientes com hipospádias coronais ou penianas distais, desde que apresentem uma placa uretral de boa qualidade e diâmetro ligeiramente reduzido (acima de 10 mm), adequados para a reconstrução da uretra.
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PLACA URETRAL LIGEIRAMENTE ESTREITA
1. Incisão longitudinal da placa uretral
2. Reconstrução da uretra (uretroplastia)
3. Meato e glanduloplastia
2.3 Técnica de revestimento com enxerto de prepúcio mucoso dorsal ("Dorsal inlay")
TÉCNICA "Dorsal Inlay" - Consiste basicamente em uma modificação da técnica proposta por Snodgrass, onde é feito um enxerto com tecido do prepúcio mucoso dorsal para revestir o leito cruento da incisão na linha média posterior. Este procedimento é indicado para placas uretrais estreitas, onde a incisão gera um segmento largo de tecido desepitelizado, evitando assim estenoses uretrais. O procedimento é realizado em tempo único, com duração aproximada de três horas.
INDICAÇÃO: Indicada para pacientes com hipospádias coronais, penianas distais até médio penianas que apresentem uma placa uretral de boa qualidade, mas de diâmetro estreito, resultando em uma faixa larga de tecido desepitelizado após a incisão.
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PLACA URETRAL ESTREITA
1. Local da área de obtenção do enxerto prepúcio
2. Enxerto para revestir a superfície dorsal da placa incisada
3. Reconstrução da uretra (uretroplastia)
4. Meato e glanduloplastia
Nossa Casuística e Percentual de Sucesso com as técnicas acima
Nesta série, tratamos de pacientes primários (não operados previamente) e temos alcançado uma média de 94% de sucesso no tratamento de meninos com hipospádias que variam do sulco coronal até a porção média do pênis. Consideramos como sucesso os resultados com função e estética muito satisfatórias.
ANTES
Paciente com hipospádia peniana distal (indicado pela seta).
DEPOIS
Aspecto pós-operatório um mês após a cirurgia.
ANTES
Paciente com hipospádia médio peniana (indicado pela seta). Presença de placa uretral e não tinha curvatura ventral muito significativa.
DEPOIS
Aspecto pós-operatório um ano após a cirurgia.
3. Hipospádias proximais ou com severa curvatura ventral do pênis
Hipospádias mais proximais (penoescrotais, escrotais e perineais) geralmente apresentam uma curvatura ventral acentuada da haste peniana (> 30º), exigindo técnicas cirúrgicas mais complexas, normalmente realizadas em dois estágios. A correção da curvatura envolve uma abordagem na face ventral do pênis, onde será reconstruída a uretra.
Técnica em 2 estágios com enxerto de prepúcio mucoso dorsal (1º tempo cirúrgico)
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Placa uretal muito estreita ou ausente
Local da área de obtenção do enxerto prepúcio
Enxerto para revestir a face ventral do pênis.